Desde que a Rita nasceu, que um dos momentos zen do dia passou a ser a hora do banho.
Lembro-me como se fosse hoje quando ainda estava na maternidade e me fizeram finalmente o chamado "levante" (não sei se é propriamente o termo "técnico" mas foi assim que chamaram à "coisa"...). Quem já foi mãe sabe a que me refiro, quem não foi fica a saber que é quando, um tempo valente depois do parto, finalmente nos deixam levantar da cama, mas não sem a ajuda dos enfermeiros, não vá a coisa azedar e a recém mamã ter um fanico e cair redonda no chão. É geralmente também nessa altura que temos permissão para tomar o tão ansiado banhinho depois de todo o "estrafego" por que uma parturiente passa...
No meu caso, o facto de ter estado a noite inteira em trabalho de parto, acrescido de algum stress que passei para a miúda nascer, das dores, cansaço e os nervos de principiante pelo facto de ela ser chorona e não mamar bem, quando finalmente me disseram que estava apta a desfrutar desse reconfortante momento zen, foi como música para os meus ouvidos.
Podem achar isto exagerado e meio ridículo, mas ainda hoje recordo a sensação de entrar no duche e ter ficado meio "anestesiada" com a água a cair com forte pressão sobre a minha cabeça e a fazer desaparecer pelo ralo todas as emoções fortes das horas anteriores. O turbilhão do som da água nos ouvidos e o facto de ter deixado de ouvir o resto do mundo (nomeadamente o choro vindo do quarto contíguo), foi como se naquele momento me tivesse elevado a uma realidade paralela, só minha, onde estava temporariamente protegida de tudo e de todos e de onde não queria sair.
Esse ritual prolongou-se durante toda a minha licença de maternidade, pois entre fraldas, biberons, banhos e tentativas (muitas vezes frustradas) de acalmar birras infindáveis, o único momento que tinha verdadeiramente só para mim era mesmo esse.
Hoje em dia, já não sofro tanto dessa necessidade de fuga da realidade, mas o espírito da coisa mantém-se. É raro nessas alturas não me recordar do momento do hospital, pois tenho sempre essa mesma sensação...
Nada melhor que chegar ao final de um dia cansativo-stressante, retemperar energias debaixo de um revigorante e quentinho chuveiro, deixar a água levar as preocupações e acabar em beleza a deslizar para dentro de uma caminha feita de lavado e adormecer a ler um bom livro. E se no outro dia for sábado, então nem vos digo nada...
Vemo-nos por aqui. ;-)
Não podia estar mais de acordo!!! Um banhinho é sem dúvida um momento revigorante obrigatório depois de um dia de trabalho. E já que estamos numa de confissões, eu confesso que há dias em que estou arrasada de cansaço e chego a caso do trabalho e antes de entrar em casa e enfrentar os meus "metralhas" :) fico sentada no carro já desligado a contar até 10 para ganahr coragem e entrar em casa para enfrentar a última etapa do dia que nem sempre é fácil (entre jantares, banhos e pôr para dormir,...). Depois de contar até 10 lá enfrento com coragem o desafio e entro em casa, mas sempre em voo direto para a casa-de-banho para o meu banhinho!! E não é que saio de lá outra e o fim do dia corre mesmo melhor?? Já equipada com os meus pijaminhas polares e as meias quentinhas e a pantufinha de lã de ovelha tudo parece mais fácil!! :)
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