terça-feira, 10 de novembro de 2015

O peso dos dias

Ultimamente os dias têm sido pesados. Pesados porque são duros. Pesados porque custam a "carregar" até chegar a manhã seguinte. E as forças falham muito antes de chegarem ao fim.

As noites também não são bem noites. São bocadinhos de dias intercalados com uns minutos de sonhos a correr porque, já já, é preciso acordar à bruta, mudar mais uma fralda, dar mais um biberon, acalmar mais um choro.

As semanas são uma montanha russa mas daquelas em que o carrinho fica parado na parte de cima do loop, com a adrenalina sempre a bombar. A diferença é que não há distinção entre os momentos altos e baixos, porque o stress não alterna com o descanso, antes pelo contrário.

Aqueles minutos só para nós escasseiam (eu diria mesmo, extinguiram-se) e quando damos por isso estamos constantemente a fazer flashbacks e a constatar há quanto tempo não temos um fim de semana de relax, saímos à noite, vamos ao cinema, ou, vá...já para não sermos muito exigentes, conseguimos ir à casa de banho ou jantar em paz e de preferência sem ter de ter um bebé ao colo.

A falta de descanso, de energia, de paciência, parece atrair o universo a conspirar contra nós: o despertador que não toca, a birra para ir para a escola, o atraso a sair de casa, os mails a acumularem-se, os prazos e horários sempre a morderem-nos os calcanhares, as filas de trânsito, o monte de TPC para ajudar a fazer, várias criaturinhas para alimentar, tratar e adormecer, e se tudo correr bem, uns minutos no sofá antes de cair de maduro. 

E assim se chega ao fim de mais um dia. Amanhã lá regressamos para mais uma voltinha, mais uma viagem na montanha russa. Resta-nos fazer figas para que a gravidade esteja do nosso lado.

Vemo-nos por aqui :D




segunda-feira, 25 de maio de 2015

As coisas que vamos perdendo... e ganhando.


No regresso a casa ouvi na rádio que hoje era "Dia de perder tempo à procura de alguma coisa perdida". E assinala-se este dia pelo facto de ser segunda-feira e de ser um dia propício para andarmos à procura de objetos aos quais costumamos perder o rumo (nem de propósito hoje cheguei ao trabalho e tive de voltar a casa porque me esqueci do computador...).

Mas não sei porquê, a ideia de pensar em "coisas" que tenhamos perdido fez a minha mente viajar (isto ultimamente tem andado um bocado para o dark side...), mas não para os objetos que também passo a vida a perder, mas sim para as "coisas" que já fui perdendo ao longo dos anos.

E rapidamente me vieram à cabeça umas quantas... umas que me eram muito queridas, outras mais ou menos irrelevantes, mas pareceu-me um bom motivo para regressar ao blog e partilhar o registo.

Algumas das coisas que perdi:
- o meu pai tinha de estar, como é obvio, à cabeça das coisas de importância basilar na minha vida e que já perdi. A expressão "nunca mais" aplicada a ele é das coisas que mais nó na garganta me dá;
- os meus avós e outros familiares queridos: o desaparecimento das nossas raízes, as que estiveram "sempre lá", começam a fazer-nos sentir meio "à deriva" e as memórias da nossa infância começam a ficar um pouco mais esbatidas;
- alguns amigos/as queridos: a maioria deles partiu demasiado cedo e ainda com muito para dar;
- as férias grandes, tão grandes que dava para enjoar e ter saudades da escola;
- a liberdade de brincar na rua com primos e amigos, de sol a sol, sem ninguém se preocupar connosco;
- o leitinho com palhinha que a minha mãe e a minha avó me levavam à cama de manhã;
- o conseguir dormir de rajada até às 2 da tarde;
- a (pouca) capacidade de resistência a borgas e noitadas (sempre fui uma couve e os pezinhos nunca ajudaram...);
- a paciência para discotecas ou sítios com muito fumo e muito barulho. Ah! E arranjem-me sff um banquinho para sentar (já referi que tinha uns pezinhos fracos??);
- a capacidade de nunca ter frio no mar e ficar até 3 horas de molho, até sair de lá estilo passa;
- a oportunidade de ir estudar para fora;
- uma longa cabeleira até à cintura;
- alguns pequenos animais de estimação (peixes, piriquitos e pardais), o que me fez nunca querer ter nenhum bicho "mais a sério" para não correr o risco de passar por essa perda;
- a inconsciência de ficar horas a torrar ao sol toda barradinha de óleo johnson;
- os chumaços dos anos 80 (aleluia!).

Mas em compensação a vida trouxe-me muitas outras coisas boas:
- a família que eu criei: o meu marido e as minhas "ricas filhas" (lá diria a Tia Cinha), que são o meu maior orgulho e que me enchem o coração;
- uma vida que já passou por alguns altos e baixos, mas que é estável e que me dá aquilo que preciso para ser feliz;
- confiança, em mim e nas minhas capacidades como mulher, mãe e profissional;
- responsabilidade, com o que isso tem de bom, mas às vezes de mau;
- novos amigos do coração;
- 3 afilhados;
- novos horizontes e interesses;
- novas maneiras de ver que o que é simples é o mais belo;
- muita lamechice (isto já tinha desde cedo mas a idade trouxe-me às carradas...);
- experiência, e com ela mais rugas e cabelos brancos (mas vá...dizem que dá charme).

Assim "a olho" a lista dos "perdidos" é maior que a dos "achados", mas isso não importa, porque o balanço é claramente positivo. 

Sou uma sortuda. Não tenho dúvida. E nos momentos mais down, tento sempre não me esquecer disso. Como fiz hoje.

Vemo-nos por aqui ;D

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Image credits: http://www.amwaycenter.com


terça-feira, 31 de março de 2015

Constatações dos últimos tempos

Há tempo que não vinha aqui ao blog. Constato com agrado que mesmo sem novos posts desde janeiro, altura em que vos falei das minhas aventuras no aniversário da Rita, diariamente há visitas e leituras de um ou outro post mais antigo, o que me deixa curiosa a imaginar quem por aqui passou e como aqui chegou. 

Mas deixemo-nos de fait divers e passemos sem demoras ao que me trouxe aqui hoje: constatações diversas.

Não tenho uma ideia única mas sim um conjunto de coisas genéricas e dispersas que me têm assaltado a mente nos últimos tempos e que me apeteceu registar. Passo a partilhar, sem nenhuma ordem de importância (ou mesmo de interesse heheheh):

  • Há coisa banais que ganham toda uma outra dimensão quando temos bebés pequenos para tratar: conciliar dois sonos é uma proeza heróica, uma hora de silêncio vale ouro e sair de casa ao fim de semana antes das 16:00 é uma vez em cem.
  • O número de vezes que vamos ao supermercado comprar fraldas, iogurtes e leite só é superado pelas idas à farmácia.
  • A logística para passar dois dias fora de casa é a mesma do que se fosse para uma semana e quase sempre o esforço não compensa o bem que pode saber. 
  • Acartar dois ovinhos ao mesmo tempo mais uma mala carregada de tralha não é para meninos e muito menos para meninas.
  • As viagens de carro sem acompanhantes infanto-juvenis e a hora do banho são os momentos zen do dia.
  • Encomendar take-away de sushi ou beber um gin tónico são o momento mais alto da semana.
  • Um simples jantar em casa de amigos consegue ser uma odisseia.
  • Chupar ranho com um tubo e desentupir intestinos preguiçosos são o pão nosso de cada dia.
  • A maquilhagem faz milagres.
  • Qualquer semelhança entre trabalhar com pouca horas de sono e um episódio do Walking Dead não é pura coincidência.
  • O frigorífico à noite deve emitir daqueles ultra sons idênticos aos apitos para chamar cães e golfinhos.
  • Não é só ao burro do Shrek que treme o olho com stress.
  • Cinema: a última vez que fui deve ter sido ver o E.T.
  • A nossa condição à nascença não determina o nosso desenvolvimento futuro (disso é exemplo a minha miúda "do meio" que quando nasceu era mais enfezadadita que a mana gémea e agora parece que é mãe dela).
  • Nunca temos chuchas nem babetes demais.
  • O Baby TV é o melhor canal do cabo.
  • Lojas de artigos de criança em segunda mão e o OLX são duas das grandes invenções do século.
  • As macacadas da mana mais velha são o programa mais divertido que há.
  • Dar banho na banheira de joelhos é passaporte quase certo para uma hérnia discal. 
  • Compensa mais sustentar um burro a pão de ló (de Ovar) do que dar vacinas fora do plano nacional de vacinação.
  • As unhas cortam-se de 3 em 3 dias.
  • Halibut: o melhor amigo da mãe e do rabinho do bébé.
  • Usar o cabelo sem ser apanhado e brincos compridos pode ser extremamente perigoso.
  • 5 não são demais.
  • Os nossos filhos (filhas neste caso) são os mais lindos/as e especiais do universo e arredores.
E para já é tudo de que me lembro.

Vemo-nos por aqui ;D


terça-feira, 27 de janeiro de 2015

Festa dos 9 anos da Rita

Todos os anos a festa de aniversário da Ritinha é um desafio que tenho entre mãos.

Ela vibra com este dia, que é idealizado até à exaustão com meses de antecedência. 

E o que faço eu? Eu alinho. E dou por mim ainda mais empolgada do que ela, a pesquisar milhões de ideias para convites, bolo, decoração, etc. Está-me no sangue, o que é que querem?

Preparar uma festa de anos hoje em dia é coisa para pôr os nervos das mães em franja (já tinha falado sobre isso aqui no blog). E eu não sou excepção. Sim, assumo. Stresso forte e exponencialmente há medida que o dia se aproxima porque tenho tendência a querer fazer mil e uma coisas, o que não simplifica nada a tarefa, antes pelo contrário. O facto de ser um bocado (vá.., muito, admito) perfecionista também não ajuda...

Este ano não foi diferente, ainda para mais porque decidimos que íamos fazer a festa na sala de condomínio cá do prédio, ao contrário do ano passado que optámos por um local fora de casa com solução "chave-na-mão". Paga-se geralmente um bocado, mas ao menos é uma "intervenção cirúrgica" sem complicações e que não implica preparação no pré, nem recuperação no "pós-operatório". 

Todos os anos a festa tem um tema, como não podia deixar de ser, e este ano o tema escolhido foi o jogo de computador Minecraft. Para quem nunca ouviu falar, é uma espécie de um mundo virtual deserto todo pixilizado, onde os jogadores podem construir edifícios e não só, com os materiais, minérios e ferramentas que vão reunindo. Lá pelo meio vivem mil e uma personagens, mais ou menos humanas, mais ou menos animais, mais ou menos zombis...enfim, só vendo...mas digo-vos que isto é já uma mania generalizada no mundo inteiro.

Começamos sempre os preparativos por idealizar os convites e este ano optámos por fazer uma coisa 3D, porque no jogo é tudo composto por cubos/pixels. E assim nasceu o convite "torrão de terra com relva" que é uma espécie de símbolo do jogo. Nas diversas faces do cubo ia a informação de dia, hora, local, etc. Foi um sucesso lá na escola heheheh.



A seguir vem sempre o bolo e na pesquisa que a Rita fez no Google descobriu este de um dos personagens mais conhecidos do jogo, chamado, vejam bem, Feromonas... 


Confesso que quando ela mo mostrou que pensei "deves, deves..." e até quase à última da hora estive a tentada a vacilar em deixar-me de ideias tristes e mandar fazê-lo numa pastelaria, até porque a minha experiência em cake design era nula. Mas depois achei que valia a pena o esforço, pelo desafio e por algum dinheiro que sempre se poupa...

Abaixo podem ver o resultado final da minha cópia (orgulho!).


 

Fiz ainda umas guloseimas que percebi que agora são a nova moda nas festas da criançada que geralmente nada come a não ser guloseimas, que são os cake pops - também em forma de torrão de terra (bolo de cenoura coberto de chocolate, salpicado de relva (coco tingido de verde). A foto não é grande coisa mas dá para ficarem com uma ideia.


E para fechar o pack da festa temática, fiz uma série de decorações mas de que me esqueci de tirar foto para a posteridade...Mas ficam com uma ideia de como eram pelas imagens abaixo.



Dá muito trabalho, não há dúvida, mas ver a felicidade dela compensa tudo. E no final tive direito a um sentido "Obrigada mamã por todo o trabalho que tiveste com a festa". Há coisa que pague isto? Claro que não.

E pronto, para o ano há mais. Agora tenho ainda mais as festas das manas para me entreter, porque já tenho pouco que fazer...LOL

Vemo-nos por aqui ;D

domingo, 18 de janeiro de 2015

E pronto....tudo o que é bom acaba rápido.


"Hoje é o primeiro dia do resto da tua vida" - veio-me à cabeça esta música do Sérgio Godinho ao pensar no meu dia de amanhã.

Depois de mais de um ano ausente do trabalho, entre baixa, licença de maternidade e férias, amanhã será o meu regresso "ao batente". Agora que a nossa família está completa, este regresso assinala uma nova fase da nossa vida, onde passei de mãe de filha única a mãe de uma família numerosa, com tudo o que isso implica. 

Posso dizer que neste momento os meus sentimentos saltitam entre um misto de saudade dos desafios do trabalho e a ansiedade/nervoso miudinho por voltar à rotina e ao stress que lhe é tão característico, tendo de gerir o tempo, que é sempre pouco, ainda para mais agora partilhado com mais dois pequenos seres que dependem tanto de mim. 

Como é natural, estou também já a sofrer da lamechice de mãe que vai ter de deixar as suas crias, que tendo agora já 7 mesinhos, começam a interagir mais com tudo o que as rodeia e a fazer aquelas gracinhas adoráveis típicas da idade, que ninguém quer perder. Consola-me e deixa-me mais descansada o facto de saber que vamos poder mantê-las em casa por mais uns tempos, onde ficam mais resguardas, confortáveis e com mimo em exclusividade, que não aconteceria se tivessem de ir para o infantário. Mal posso esperar para chegar a casa e voltar para os seus deliciosos sorrisos e abracinhos...

Este precioso tempo que tive, e que não volta mais (sim porque 3 filhas já chega bem, bolas!) foi vivido com muito trabalho, noites mal dormidas e agitação, mas felizmente com paz de espírito. Foi muito diferente da experiência que tive na licença de maternidade da Rita, em que o alívio foi grande quando fui trabalhar, porque me sentia muitas vezes à beira da total exaustão física e mental (ter de tratar 24h/dia de um bebé chorão dá cabo de qualquer um...). Nesta 2ª ronda foi por isso decisiva a ajuda que tive e vou continuar a ter com as miúdas, fundamentais para uma mãe conseguir ter tempo para espairecer, tratar de si e manter a sanidade mental. Sinto-me privilegiada por isso.

E pronto...costuma-se dizer que "o que não nos mata torna-nos mais fortes", por isso espero que esta minha nova condição de mãe de gémeos me dê a endurance e capacidade de relativização necessária para manter a calma e a atitude sempre positiva nos próximos tempos, que se avizinham mais desafiantes do que nunca. 

Mas a vida é isso mesmo, um desafio atrás do outro, por isso, venham eles!

Vemo-nos por aqui ;D

P.S. - Wish me luck! 

Bora lá passar da teoria à prática

Photo Credit: Daniel Olah on Unsplash De há uns  largos  meses a esta parte que estou determinada em implementar na minha/nossa vida alg...