segunda-feira, 25 de maio de 2015

As coisas que vamos perdendo... e ganhando.


No regresso a casa ouvi na rádio que hoje era "Dia de perder tempo à procura de alguma coisa perdida". E assinala-se este dia pelo facto de ser segunda-feira e de ser um dia propício para andarmos à procura de objetos aos quais costumamos perder o rumo (nem de propósito hoje cheguei ao trabalho e tive de voltar a casa porque me esqueci do computador...).

Mas não sei porquê, a ideia de pensar em "coisas" que tenhamos perdido fez a minha mente viajar (isto ultimamente tem andado um bocado para o dark side...), mas não para os objetos que também passo a vida a perder, mas sim para as "coisas" que já fui perdendo ao longo dos anos.

E rapidamente me vieram à cabeça umas quantas... umas que me eram muito queridas, outras mais ou menos irrelevantes, mas pareceu-me um bom motivo para regressar ao blog e partilhar o registo.

Algumas das coisas que perdi:
- o meu pai tinha de estar, como é obvio, à cabeça das coisas de importância basilar na minha vida e que já perdi. A expressão "nunca mais" aplicada a ele é das coisas que mais nó na garganta me dá;
- os meus avós e outros familiares queridos: o desaparecimento das nossas raízes, as que estiveram "sempre lá", começam a fazer-nos sentir meio "à deriva" e as memórias da nossa infância começam a ficar um pouco mais esbatidas;
- alguns amigos/as queridos: a maioria deles partiu demasiado cedo e ainda com muito para dar;
- as férias grandes, tão grandes que dava para enjoar e ter saudades da escola;
- a liberdade de brincar na rua com primos e amigos, de sol a sol, sem ninguém se preocupar connosco;
- o leitinho com palhinha que a minha mãe e a minha avó me levavam à cama de manhã;
- o conseguir dormir de rajada até às 2 da tarde;
- a (pouca) capacidade de resistência a borgas e noitadas (sempre fui uma couve e os pezinhos nunca ajudaram...);
- a paciência para discotecas ou sítios com muito fumo e muito barulho. Ah! E arranjem-me sff um banquinho para sentar (já referi que tinha uns pezinhos fracos??);
- a capacidade de nunca ter frio no mar e ficar até 3 horas de molho, até sair de lá estilo passa;
- a oportunidade de ir estudar para fora;
- uma longa cabeleira até à cintura;
- alguns pequenos animais de estimação (peixes, piriquitos e pardais), o que me fez nunca querer ter nenhum bicho "mais a sério" para não correr o risco de passar por essa perda;
- a inconsciência de ficar horas a torrar ao sol toda barradinha de óleo johnson;
- os chumaços dos anos 80 (aleluia!).

Mas em compensação a vida trouxe-me muitas outras coisas boas:
- a família que eu criei: o meu marido e as minhas "ricas filhas" (lá diria a Tia Cinha), que são o meu maior orgulho e que me enchem o coração;
- uma vida que já passou por alguns altos e baixos, mas que é estável e que me dá aquilo que preciso para ser feliz;
- confiança, em mim e nas minhas capacidades como mulher, mãe e profissional;
- responsabilidade, com o que isso tem de bom, mas às vezes de mau;
- novos amigos do coração;
- 3 afilhados;
- novos horizontes e interesses;
- novas maneiras de ver que o que é simples é o mais belo;
- muita lamechice (isto já tinha desde cedo mas a idade trouxe-me às carradas...);
- experiência, e com ela mais rugas e cabelos brancos (mas vá...dizem que dá charme).

Assim "a olho" a lista dos "perdidos" é maior que a dos "achados", mas isso não importa, porque o balanço é claramente positivo. 

Sou uma sortuda. Não tenho dúvida. E nos momentos mais down, tento sempre não me esquecer disso. Como fiz hoje.

Vemo-nos por aqui ;D

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Image credits: http://www.amwaycenter.com


Bora lá passar da teoria à prática

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