Há pessoas tão grandiosas que nos fazem sentir um grão de areia no deserto. São uma espécie de diamante em bruto, daqueles tão raros que só aparecem de tempos a tempos. A sua beleza é imensa e o seu valor é incomensurável. E assim é Malala Yousafzai.
Confesso que nunca tinha ouvido falar dela a não ser quando, na semana passada, se começou a falar sobre os candidatos ao Nobel da Paz. A sua determinação e, acima de tudo, juventude, fizeram com que quisesse saber mais sobre esta pequena "guerreira".
Malala passou a ser conhecida quando começou a escrever um blogue para um serviço da BBC, apenas com 11 anos. No blogue descrevia a vida no Swat, a região do Paquistão onde vivia, e que se encontrava sob o domínio dos talibãs.
As denúncias que trouxe "a lume" relataram uma opressão brutal e sangrenta, com todos os que se opunham às regras impostas a serem mortos, publicamente espancados, as mulheres proibidas de ir ao mercado, as raparigas impedidas de ir à escola e as próprias escolas destruídas.
Quando o exército lançou uma ofensiva para afastar os talibãs, Malala conseguiu fugir com a família, liderada pelo seu pai, diretor de uma escola e também ele ativista pró-educação.
Em outubro do ano passado, os talibãs enviaram dois homens para a assassinar, quando seguia no autocarro da escola. A jovem paquistanesa foi alvejada na cabeça, ficando com ferimentos graves no rosto. Foi assistida medicamente no Reino Unido e após um período de longa recuperação conseguiu sobreviver e ultrapassar o atentado, transformando o seu medo pelos opressores em força para lutar pela educação das raparigas, usando o conhecimento e a paz como armas contra a violência e a intolerância.
De lá para cá tem feito ouvir a sua voz e a sua mensagem. Em julho foi aplaudida de pé na Assembleia Geral das Nações Unidas, ganhou o prémio Sakharov pela Liberdade de Pensamento atribuído pelo Parlamento Europeu, recebeu o primeiro prémio nacional de paz atribuído pelo Governo paquistanês e foi nomeada para o Prémio Internacional de Paz para as Crianças. É admirável como alguém de aspeto aparentemente frágil e delicado, parece ter força para mover montanhas.
A distinção da academia sueca não lhe bateu à porta desta vez (foi para a Organização para a Proibição de Armas Químicas) mas estou certa que isso vai acontecer, mais cedo ou mais tarde. Assim ela tenha a sorte de a sua voz não ser silenciada por aqueles que diz terem medo do conhecimento...
Que este diamante se mantenha assim, puro, impenetrável e iluminando o mundo com o seu brilho.
Vemo-nos por aqui.
Vídeos:
Nações Unidas - Assembleia da Juventude
Entrevista no Daily Show
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Atualização pós publicação
No dia 10/10/2014 o presidente do Comité Norueguês do Nobel, Thorbjoern Jagland, divulgou a atribuição do Prémio Nobel da Paz à ativista paquistanesa Malala Yousufzai e ao indiano Kailash Satyarthi, e afirmou que "as crianças têm de ir à escola e não podem ser financeiramente exploradas". O prémio foi atribuído aos dois ativistas "pela sua luta contra a repressão de crianças e jovens e pelo direito de todas as crianças à educação".